Médicos da rede pública de São José trabalham de preto
Victor Moriyama
Manifestação foi a 1ª de uma série de ações programadas para pressionar a prefeitura conceder um reajuste de 100% no salário-base
São José dos CamposMédicos da rede pública de São José dos Campos trabalharam vestidos de preto, em sinal de luto, durante todo o dia de ontem.
A vestimenta, protesto contra o governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB), foi a primeira de uma série de ações programadas para pressionar a administração municipal a conceder um aumento de 100% no salário- base da categoria.
A classe alega que está há pelo menos 16 anos sem aumento real no salário-base para 20 horas, que hoje é de R$ 2.200.
No período, os vencimentos só receberam a correção da inflação.
Os médicos deram início nesta semana também a um abaixo-assinado, que coleta assinaturas de usuários do sistema público de saúde, que concordam com a causa.
Hoje, os médicos deverão realizar uma passeata em frente ao Paço e à Câmara, para mostrar que a reivindicação é uma iniciativa de todo o grupo.
Impacto.A porteira Auxiliadora Ramos, 41 anos, mostrou-se surpresa ontem com a ação dos médicos.
“É diferente vê-los assim. A gente sempre pensa no médico vestido de branco, ou mesmo de verde, como muitos trabalham aqui nas unidades da cidade, mas ver um médico de preto foi uma surpresa”, disse, ao deixar o consultório da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Campo dos Alemães (zona sul), acompanhada de sua enteada.
“Temos colegas que só ganham o base. O aumento é justo e cabe no orçamento do governo. Falta vontade”, disse o médico Paulo Roitberg.
Outro lado. O secretário de Saúde, Jorge Zarur, afirmou que o salário médio dos médicos de São José é de R$ 4.178. “Ninguém ganha menos do que isso. Respeito a manifestação da classe e estou aberto para dialogar”, disse.
“É importante diferenciar emprego e carreira. Aqui na prefeitura, você pode entrar com salário baixo, mas você faz uma carreira”, afirmou.
