REGIÃO
Junho 10, 2011 - 05:00
Após novo impasse, médicos prometem parar rede no dia 16
Claudio Capucho
Reunião mediada pelo Ministério Público do Trabalho termina sem acordo entre os servidores e a Prefeitura de São José
Carolina TeodoraSão José dos Campos
Os médicos da rede pública de São José dos Campos reprovaram ontem a proposta de readequação salarial apresentada pela prefeitura e anunciaram uma nova paralisação no próximo dia 16.
A decisão foi tomada em assembleia após audiência no Ministério Público do Trabalho e mantém o embate que se arrasta há mais de dez meses entre o governo e a categoria.
A nova paralisação vai afetar o atendimento nas 40 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da rede e pode ser estendida caso não haja avanço nas negociações com o governo.
Mesmo com a recusa dos médicos em parar o movimento grevista, a prefeitura vai aumentar em R$ 400 o valor do abono por assiduidade e pontualidade (de R$ 600 para R$ 1.000 por mês). A proposta já foi encaminhada à Câmara e deve ser votada pelos vereadores na próxima semana.
Avaliação. Os médicos consideraram insatisfatória a proposta do governo Eduardo Cury (PSDB) porque não mexe no salário-base da categoria --principal fatia nos rendimentos dos aposentados.
Inicialmente, os médicos pediam reajuste de 100% no salário-base, hoje fixado em R$ 2.310. Depois informaram que a incorporação do abono ao salário contemplaria os pedidos da categoria.
“Não começamos esse movimento para ter um abono maior, e sim um salário mais digno para que mais médicos se interessem em trabalhar na rede municipal de saúde”, afirmou a médica Neusa Massula, uma das representantes do movimento grevista.
Além de aumentar o abono, a prefeitura flexibilizou as chances de o funcionário receber a gratificação de forma integral. O benefício passou a ser direito dos funcionários em férias e de licença --antes, nesse período, os funcionários não recebiam o benefício.
A gratificação também passará a incidir sobre o cálculo do 13º salário.
Outro lado. O secretário de Administração Sérgio Luiz Pinto Ferreira disse que a prefeitura fez “a melhor proposta possível” dentro de seu orçamento.
Segundo ele, a recusa dos médicos mostra que o movimento tem conotação política.
“A demanda inicial de aumento de rendimento foi atendida. Nossa proposta representa um aumento real de 12% no salário dos médicos em início de carreira, além da reposição da inflação que os servidores têm todo o ano”, afirmou.
A prefeitura não fez nenhuma nova proposta ontem durante a audiência no Ministério Público do Trabalho --assumiu apenas o compromisso de avaliar a possibilidade de não descontar a paralisação do dia 24 de maio.
Salários. Dados oficiais da prefeitura mostram que a maioria dos 698 médicos (413) recebe de R$ 2.200 a R$ 6.000 por mês. Em contrapartida, 20 profissionais de carreira tem salários acima de R$ 18 mil.